Dor de amor que não vinga, é dor aguda, profunda,
que afugenta o riso e anuvia a alma que nada acalma.
É dor pulsante, dilacerante, que desnorteia os passos,
e desassossega o coração.
Dor que não se esconde, não se sufoca, pois não tem
memória própria para lembrar de parar de doer.
Dor latente que a uma simples lembrança faz
o caminho de volta para insistir em molestar.
Dizem ser uma dor que não dura para sempre,
e que o tempo há de se encarregar de atenuar.
Deixará o coração marcado por cicatrizes
mas cicatrizes já não podem mais doer.
Servem de registro para não se esquecer
de que aqui ou ali, jaz alguém que um dia
achou que sucumbiria a uma dor de amor.
Servem para lembrar que tudo passa e que
a vida sempre estará a espera para acolher
mais um sobrevivente.
(Nell Santos)